domingo, 12 de dezembro de 2010

23:23


           Olho no relógio: 14:14. Eu dou um sorriso, me ensinaram que quando olhamos e vemos uma dízima é porque tem alguém pensando em nós. Me lembrei de você, o menino pra quem eu pensei que deveria me entregar de verdade, e depois de sua imagem vir à minha memória não consegui sentir mais nada, nem vontade de pegar no celular. Passaram-se segundos e eu fiquei melhor de novo, meu auto-controle se impôs sobre minha recaída, e tudo ficou bem , sempre foi e sempre vai ser assim - pelo menos é o que eu espero.
           Esses dias estão sendo estranhos, eu pensei que ficaria mal, mas não é isso o que anda acontecendo. Às vezes eu lembro de você sim, é claro, mas as suas últimas palavras conseguiram fazer eu ignorar todo e qualquer sentimento relacionado à você. Eu ainda penso que quero te ter do meu lado, mas esse 'desejo' passa rápido de mais e eu nem tenho tempo de cogitar essa opção. Você disse que gostava de mim, eu só me arrependo de não ter dito que não é verdade, eu fui bem fraca, mas quando você está na minha frente é assim que eu me sinto. Não disse tudo o que eu tinha pra falar, apesar de me surpreender comigo mesma com algumas verdades que eu consegui colocar pra fora. Pelo menos agora eu sei o que anda acontecendo, eu sei bem que nós nunca nos merecemos, nós nunca fomos ao menos parecidos. Eu me sinto mal por você ter dito que se arrepende, eu é que deveria e, não me sinto assim, foi um erro DAQUELES, mas não era pra se arrepender...  Eu acho que isso foi a coisa que mais me magoou, apesar de eu não ter demonstrado.
            Tudo bem, eu sei que agora quando eu vejo uma dízima ao olhar as horas não é você quem está pensando em mim, e hoje tenho minhas dúvidas se um dia realmente teria sido você. E à noite, quando me deito pra dormir, sinto uma vontade louca de te telefonar, mas me controlo, são 23:00 horas e eu ainda não sei com que cara devo aparecer na sua frente a proxima vez que eu te ver na rua, não sei se sorrio ou se abaixo a cabeça, não sei se passo direto ou se te dou um abraço, e não sei mais de nada... Eu ensaio cenas, relembro momentos milhares de vezes, e como em uma gravação sendo rebobinada, presto atenção em detalhes que me haviam passado despercebidos no momento que havia acontecido. O engraçado é que sempre lembro de você sorrindo, pelo menos no começo de tudo.
            Agora já são 23:23. Eu tento me controlar ao máximo pra não te ligar, olho minha lista de contatos: a voz de ninguém mais me faria dormir tranquila. Pego um livro, mas a história dele sempre me lembra você, na verdade, tudo me lembra você mesmo que eu não admita nunca. Melhor mesmo seria escutar uma música, mas não sei o que esses compositores têm contra histórias não-amorosas e, pelo visto escutar música não é uma boa. Ainda são 23:23, e ainda não sei o que fazer, o sono não chega nunca, e se chegasse eu sei que sonharia contigo uma vez mais. Pego o celular em um súbito momento de fraqueza, e como em uma cena de filme onde tudo dá certo, ele toca antes de eu pensar em discar seu número. Por um instante alguém pode presenciar algo parecido com um sorriso em meus lábios, mas só por um instante, porque em menos de dois segundos eu vejo que não é você. Mas porque eu esperava que fosse?
             E toda noite é assim, as dízimas só me fazem lembrar você, me dá vontade de me perder em meus momentos eternamente pra não precisar encarar o relógio, pra não precisar lembrar que antes era você quem estava pensando em mim - pelo menos eu ainda podia pensar que era você - e, de alguma forma, esquecer de toda a sua insensibilidade e poder esquecer que eu já quis ser sua, esquecer que eu já pensei que você era meu, e esquecer que você nasceu pra ser solto e NUNCA vai mudar, nem que eu queira e nem que você queira. Pra você o outro lado sempre vai ser o melhor, e eu não posso competir com isso.

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