sábado, 9 de outubro de 2010

ensaio sobre a cegueira


Jovens sem nenhuma utopia,
caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas,
sem nenhuma luz.
Sem nenhuma luz de Fernando Pessoa.
Fechados nas sexuais telas da impotência,
se masturbam contemplando corpos em decomposição.
Morte da minha fé, onde estavam o beija- flor e o arco- íris,
Na hora do nascimento destas criaturas.
Quantas gostas de flor restam pros corredores de céus de vossas bocas,
Quais fontes clamam por vossos nomes.
Eu entrando na virtuosa idade, eles entrando em idade nenhuma.
Os filhos da morte burra, cheiram o branco pó da anemia.
Esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão,
em pleno ventre se suas esquecidas mães.
Esqueceram de colar o ouvido ao chão, para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas.
Os filhos da morte burra, jamais levantam uma folha para conhecer o labor dos insetos.
Jamais erguem taças ao luar, para brindar a vigorosa lua.
Os filhos da morte burra, desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação.
Apenas abrem a boca para vomitar


(Detonautas - ensaio sobre a cegueira)

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