domingo, 5 de setembro de 2010

página virada


              Ela olhou no relógio, viu que já se passava das dez horas, isso significava que ele se atrasara de novo, só que desta vez mais que de costume. Ela havia ficado sentada por uma hora esperando por alguém que nem iria aparecer. Essa foi a gota d'água! Ela voltou pra casa, colocou o celular no silêncioso e ligou o computador. Ele estava online, com nada menos que o nome de outra no subnick do msn. "Não, tudo bem. Eu não preciso dele", ela pensou. Mas, o que aconteceu quando ele disse: 'oi amor!' ? O que se passou pela cabeça dela? Pra onde toda aquela raiva havia ido? Ok, ela o amava, mais o que ele sentia? Ele havia contado segredos, se apoiado nela nos momentos difíceis, mas, na hora que ela precisava da sinceridade, da compreensão e do afeto de alguém, ele foi o primeiro a dar as costas e fingir que nunca havia sido com ele, que aquela história sempre fora contracenada por um personagem solitário. Ele fingiu que nada havia acontecido, mas ela já havia tomado a decisão.
            Sua vontade era de abraçá-lo e de enchê-lo de perguntas, sobre: 'O que havia acontecido? Quem era aquela a quem ele se referia num lugar tão público? E porque ele nem sequer havia ligado e, quem sabe, tê-la poupado de uma situação tão constrangedora?' Mas não, ela apenas disse um oi, disse que estava ótima e não demonstrou um segundo de fraqueza. Ele perguntou se ela queria encontrá-lo no dia seguinte, o coração dela acelerou, ela queria isso mais que tudo, mas seu subconsciente sabia como seria de novo. Ela disse que já tinha planos, que ia encontrar alguém e que tinha que sair do msn. E é isso, um tchal seco, sem nenhuma emoção, que demonstrara tudo o que ela queria passar naquela conversa. Seu celular vibrava constantemente, no visor o número dele se mostrava com uma súbita crise de fúria, confusão, curiosidade e até mesmo decepção. Ele pensou que dessa vez seria igual, que ela iria aceitar e simplesmente fazer uma cara feia quando ele dissesse mais uma vez uma desculpa absurda. Não, algo estava muito errado, ele perdera completamente o controle da situação, alguma coisa deveria ser feita, um pouco de arrependimento ao telefone e ela voltaria correndo pra ele, sempre foi fácil assim.
            No outro dia, ela não o ignorou na escola, deu um beijo no rosto dele e desviou quando ele tentou beijá-la nos lábios. Ele tentou ouxar assunto, mas ela disse que tinha algo pra fazer, e que estava atrasada pra um compromisso. Ele ficou olhando ela se afastar, esperando que ela olhasse pra trás uma vez sequer, e nem percebeu uma hesitação no caminhar dela. Ele queria sentir a dor que a estava consumindo, mas ele não decifrava nada daquele novo olhar que o rondava tão próxima e impenetravelmente. Ela estava mais confiante, triste e até mesmo um pouco confusa, já havia se acostumado com aquela situação e se sentia despreparada tendo chutado o balde tão de repente, e naquela altura do campeonato. Mas era assim, ela não deveria esperar mais, e sabe, ela começou a sentir um olhar diferente vindo de um ou de outro menino que sempre passava por ela. Começou a se sentir melhor, de uma forma estranha e divertida.
Nem um mês se passou e a declaração: um amigo estava a apixonado por ela, e ela, sensível como estava, o acolheu com todo o amor que poderia ter. No fim ela percebeu que um mal sempre vem para um bem maior. Os beijos eram bons, e ela não estava perdendo nada. Se sentia até mais madura, ou menos dependente de um amor, só não se sentia incompleta. aquilo não era mais o primeiro item da sua lista de desejos. Quando estavam indo embora, se beijando e sorrindo por qualquer besteira, ela sentiu um olhar tão indesejado que a fez encará-lo. Ele a olhava com uma sensação de perda que cortava o coração de qualquer pessoa. O incrivel é que ele não nunca se perguntou como ela se sentia cada dia que ele aparecia com uma menina diferente. Ela simplesmente virou e continuou seu caminho, como se não tivesse visto ninguém. Aquilo foi péssimo! Ele se sentiu horrível e foi embora cabisbaixo. Não queria saber mais de nada e nem de ninguém, e ela dormiu sonhando com o seu novo amor.
          Olhando por esse ângulo ele era a vítima dessa vez. Mas quantas vezes ela passou por isso e não conseguiu conter as lágrimas ? Por quantas vezes ela o esperou ligar, e adormeceu sabendo que ele estava deitado ao lado de ourtra menina? E o pior, desde quando ela havia se dado conta de que o que ele sentia por ela era uma simples atração, que não superava a atração que todos sentimos por alguém bonito em uma festa? E por quantas noites ela chorou por estar sozinha lembrando dele, sabendo que ele nunca se importou e nunca iria se importar?
           Ela havia se tornado alguém melhor, ele havia se dado conta de que a amava, e que precisava dela acima de tudo. Ela estava bem com alguém que a queria, ele tentava suprir o vazio com meninas que eram só pra uma noite. Ela sentia falta de algo, ele também. Mas isso não queriia dizer que tudo poderia voltar a ser como antes, e nem que ela ainda o queria. Ele se declarou pra ela, ela escutou tudo, e simplesmente disse: 'tarde de mais '
          As pessoas só se dão conta do que realmente importa quando perdem algo que era necessário. Se um dia isso poderia ser evitado, não importa mais. As chances são dadas em cada segundo do nosso dia, e se ainda estamos respirando é porque a vida nos deu uma oportunidade nova de sermos pessoas melhores. Isso não quer dizer que você pode adiar situações, desculpas, declarações e até mesmo olhares. Seja uma pessoa boa no tempo que lhe é dado pra ser assim, acumular coisas boas faz bem pra todos.
          Meninos e Meninas são seres estranhos que se completam. Evitar desilusões, desavenças e traições só ajuda a humanidade a ser mais pacífica e a vida a ser bem melhor. Valorize quem você tem enquanto você ainda tem, e SE você ainda assim perder, vai saber que fez bem pra pessoa, e saber também que não deu motivos pra alimentarem sentimentos negativos contra você.


Coragem é agir com o coração (8)

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