segunda-feira, 7 de março de 2011

É que sinto.

            É como se eu vivesse numa tentativa infiel de mostrar às pessoas que sou feliz. Pois sou. Mas ainda devo confessar, de maneira objetiva e direta, a saudade que atormenta meu peito.
Não quero nenhum tipo de escrita racional. Cansei-me disso. Quero apenas soltar aquilo que, ao fechar os olhos, é tão real dentro de mim.
Sinto falta de escrever sobre o meu amor. Sinto falta de desenhar em palavras seu sorriso lindo, seus olhos famintos, seu rosto de menino, sua expressão de malandro, sua voz – que, fez de meu coração um órgão independente desde à primeira vez que a ouvi. Meu coração que ainda bate sozinho e já quase não bate de saudades.
         Sinto falta de contar-lhe sobre o filme que assisti semana passada. De escutar-lhe as músicas. De discutir sobre livros, desenhos animados, qual a melhor matéria da escola, e, política.
Sinto falta de quando ele discordava de mim. É tão chato passar noites com rapazes que concordam com tudo que falo! Garotos que só sabem falar sobre cavalos, carros, bebidas, e, o último – contou-me sobre a bíblia. Puf! Eles nem ao menos entendem minhas brincadeiras! E sinto-me mal por fazer-lhes acreditarem que eu realmente gosto de estar ali com eles. Não gosto. – E mal lembro-lhes os nomes...
          Sinto falta de correr para os braços dele, quando ninguém mais parece entender-me. Sinto falta das brincadeiras tolas, e, de gargalhar até minha barriga doer – ao seu lado.
          Sinto falta de implorar-lhe que fique mais cinco minutos conversando comigo, enquanto ele tende tomar banho.
           Sinto falta de pensar nele enquanto acordo, almoço, lavo à louça, vou à escola, ou quando falam sobre o jogo de Counter Strike que ele tanto adorava.
Sinto falta dos carinhos. Sinto falta do abraço apertado. Sinto falta dos beijos. Sinto falta de namorar-lhe ouvindo aquela musiquinha tranqüila...
           Sinto falta de duvidar-lhe o amor, até ele agarrar-me pela nuca, olhar-me fundo aos olhos e falar-me... Só ao olhar-me daquele jeito já me convencia. Ah! E como conseguia intimidar-me com aquele olhar! Alias, intimidava-me de várias formas. Sinto falta disso também.
           Sinto falta do cheiro. Sinto falta do cabelo desarrumado – que era um charme! Sinto falta até dos pedidos de desculpas. Sinto falta de deitar-me a cabeça sobre seu peito e suspirar de amor...
            Sinto falta de suas histórias com os amigos e de como eu nunca tivera a sensação de querer fazer parte delas.
           Porque eu só queria ter meu espaço em sua vida, mesmo pequeno. Mas eu detestava sentir-me atrapalhando-o. Porque lhe desejava de maneia que minha pele ardia. Porque lhe amava. Lhe amava...
           E hoje sobra-me a saudade e uma enorme dor no peito ao pensar que não sentes a minha falta; E a dor aumenta vendo os dias passarem, jogando em minha cara que, acabou.
           Pois quando o “fim” terá sentido em minha vida? Eu, – que mal consigo acreditar que um livro pode acabar em quinhentas páginas, ou vinte. Eu, – que não aceito a morte e a temo. Eu, – que aprendi a chorar uma dor que não me é real, que mal a entendo... Eu, – que não sei sair de minha casa para ir à padaria sem olhar minha família por alguns segundos, sem sentir uma dor insuportável ao peito por deixá-los por algumas horas. Eu que não sei perder...
           Eu que não entendo essa vida sem amor. Que não me acostumo com esses beijos mal-trocados na noite... Que sentido há? Beijar e aproveitar algo que não se ama?
           Eu que não sei o que é a vida, mas tenho a certeza de que posso amar.
          E minto. Desesperadamente, eu minto. Para mostrar que estou feliz. Que não amo. Que não me importo. Que lhe esqueci...
           E, no entanto, cá estou sentada, caneta em mãos, escrevendo-lhe a saudade. Quando tudo o que gostaria era falar-lhe diretamente sobre o meu amor. Sem andar por este quarto passando as mãos por meus próprios braços que, apertados contra o peito, estancam a dor...
           Se ainda posso lhe pedir algo. Lhe peço: Não volta. Deixa-me continuar nesta mentira, até fazer-se verdade. Porque eu não entendo como é amar uma pessoa, e não poder estar ao lado dela. Que sentido isto faz?

“Compro-me uma cartela de cigarros. Sento ao jardim. Olho à lua a fazer companhia para as estrelas. Bonito, – somente. Não faz sentido olhá-las, mas ainda posso vê-las. Estrelas que brilham a dor de uma saudade vazia...”

Gabriella Beth Invitti


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